tag:blogger.com,1999:blog-27984692796187344182024-03-14T02:35:33.157-03:00de côr e de cór.- você já sabia.l u a *http://www.blogger.com/profile/17784025940725354772noreply@blogger.comBlogger275125tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-26159829033611682912014-08-25T13:00:00.000-03:002014-08-25T14:16:12.748-03:00O dia em que descobri o meu clitóris<div style="text-align: justify;">
Catalisada, comecei a pensar sobre os nós que estavam dentro de mim, das coisas mal resolvidas, inflamando com o passar do tempo, me ferindo e como isso é díspar com o que acredito. Me analisei, como se eu visse sob a perspectiva ideológica o que é puro sentimento. Desatando esses nós, me senti mais livre, mais eu, encontrada dentro do caos de mim que eu venho navegando com dificuldade e sem prazer. </div>
<div style="text-align: justify;">
Viajando dentro de mim, sem querer, deixei o corpo fluir. Como se a vontade do corpo fosse soberana, e nenhuma das minhas noias e medos tinham espaço, não ali. A fricção das coxas (tão adiada) virando puro prazer. O ondular da carne e a fruição dos movimentos, a descoberta do corpo, a viagem pelas minhas próprias transas, sentir o milagre da lingua da g. no meu grelo, que me causou furacões e nunca mais senti isso, com ninguém. E isso me dar mais fome de senti-la.</div>
<div style="text-align: justify;">
Lembrar de tudo que eu odeio em transas que andei reproduzindo com a t. Dominar de um jeito próprio da energia masculina, ao invés de permitir a fluidez que me encanta e que sinto saudade. Perceber que fui me tornando máquina, devagar, com o passar do tempo. Descobrir a delícia de me tocar devagar, sentir o que o corpo pede, em ondas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Não sei se eu nunca tinha entrado num transe assim, ou se nunca estive tão relaxada, ou o que quer que tenha acontecido, eu senti o meu clitóris inchar e irradiar uma sensação de dormência pela minha buceta, meu estômago, minhas coxas, meu cu, meu útero. Tudo bem lento e morno. E de repente, como se não houvesse mais para onde expandir, explodir. A garganta fechando, os mamilos formigando, estrelinhas caindo por tudo, devagar, piscando. Pequenos choques elétricos, o coração ardendo sem ritmo, a boca mais seca do mundo. </div>
<div style="text-align: justify;">
E nada me preparou para o que eu senti: uma luz verde e quente irradiando do meu clitóris, dançando pelo meu corpo, expandindo meus sentires, abrindo fechaduras que eu nem conhecia. Me conheci de novo, o ano recomeçou, tudo diferente. </div>
<div style="text-align: justify;">
Me senti muito grata ao universo por me conhecer tão doce antes de encontrar outras pessoas que quero tanto tocar , viver, experimentar. A generosidade do cosmos, e quantas vezes esquecemos de ser gratos. E que sorte eu tenho de me ver, me enxergar e me permitir transformar.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-55655389498132809002014-03-27T04:08:00.003-03:002014-03-27T04:22:43.953-03:00comemorações.<div style="text-align: justify;">
parabéns para nós, que conseguimos. parabéns para nós, que nos amamos. que ultrapassamos a barreira de pele, de verbo, de tamanho. que somos coladas.</div>
<div style="text-align: justify;">
ainda me lembro dos três dias de medo, chulé e ronron, que você passou no meu colo. ainda me lembro de te amar sem nunca ter visto teu focinho. obrigada por peregrinar de casas comigo, sem nunca deixar de me amar. e por amar as pessoas que nos rodeiam, mais do que eu mesma posso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-PtywnXhGrq0/UzPOVLymwpI/AAAAAAAAAbw/ji81i1xiNZo/s1600/mori.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-PtywnXhGrq0/UzPOVLymwpI/AAAAAAAAAbw/ji81i1xiNZo/s1600/mori.jpg" height="320" width="240" /></a>adoro quando você dorme nas minhas costas, ou mia bom dia quando saímos da cama. adoro você comer o que te dá na veneta. adoro o fato de você ser enorme e bem tiqueninha. adoro, até mesmo, quando você pula a janela e vai ser gata, e livre e tudo aquilo que eu não sou. eu acho o máximo dos máximos você sempre voltar pela porta da frente.</div>
<div style="text-align: justify;">
desculpa não te castrar no tempo certo, e obrigada por ser enorme, corajosa e forte, e seguir sua vida pretinha sem o filhote. desculpa quando eu viajo, quando não troco a sua areia e quando te chuto no escuro.</div>
<div style="text-align: justify;">
queria poder fazer um presente enorme de brilhante que te dissesse o meu amor inteiro. mas essas coisas de comemorar é de humano, que esquece de amar toda hora.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
por esses dois anos, e pelos séculos além.<br />
<br />
e mais amoris: <a href="http://aquarelavel.blogspot.com.br/2014/02/amora.html" target="_blank">aqui</a>, <a href="http://aquarelavel.blogspot.com.br/2012/03/amora.html" target="_blank">aqui</a> e <a href="http://aquarelavel.blogspot.com.br/2012/03/um-amor-assim-delicado.html" target="_blank">aqui</a>.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-88505393638648921682014-03-18T15:08:00.000-03:002014-03-18T15:08:56.576-03:00ano novo.<div style="text-align: justify;">
essa angústia. não sei como dissolvê-la pelos anos a se passar. somos todos miseráveis, azuis e hipócritas.</div>
<div style="text-align: justify;">
essas lágrimas incontidas, a eterna dúvida sobre desejos, certezas, espelhos. lamento-culpabilizo essa leveza de âncora que meu espírito tem, quando eu só queria ser passarinho.</div>
<div style="text-align: justify;">
continuo sendo a chave e a solução do mundo, acredito nos astros e nos filósofos, nas plantas e nos abraços. duvido muito do amor, e isso é novo, errado e incômodo. </div>
<div style="text-align: justify;">
meu peito é de giz de cera, gesso e biscoito. meu peito é de sal de fruta, de fogos de artifício, de efeito moral. meu eu é qualquer coisa que eu queria poder transformar em versos, mas eu não posso. eu queria ser filme, poesia, história e sonho, mas a vida é real e todo dia, e isso não será simples sempre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
sobreponho as ideias tentando encontrar quem eu sou. não consigo aceitar que não posso. eu nunca fui boa em reconhecer os limites.</div>
<div style="text-align: justify;">
morro de saudades. vou me equilibrando, só o bastante pra não cair. esperando que os dias se consumam mais depressa.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-39952264457263830922014-02-21T02:59:00.003-03:002014-02-21T02:59:42.401-03:00amora.<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">para ler ouvindo</span></div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=bHGSE0sgA0g" target="_blank"><span style="font-size: x-small;">vida de cachorro.</span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
essa coisa doida que é o amor.</div>
<div style="text-align: justify;">
de repente, a gente se perde de si e vira o outro. se desvira em amor puro, que é salgado e corredeiro. o seu dentro, o seu medo e a sua dor são só a ponta do nó. e de repente, o universo é um ronron, a felicidade é um olhar, e eu já não sei ser sem você.</div>
<div style="text-align: justify;">
estranho e novo experimentar esses amores constantes, perenes e peludos. esse amor silencioso, cheio de gestos e nenhum verbo. é entender seu medo da água e o fascínio pelo que tem detrás do muro. é não parar de pensar se o seu motorzinho é afeto ou hábito, morrer de medo que você não saiba quem eu sou, que a aventura seja mais legal que o ninho - e ainda assim abrir toda noite a porta pra você sair.</div>
<div style="text-align: justify;">
é ter certeza de que somos pedaços de um mesmo sweet jardim, só de você me encarar com seus olhinhos de oceanos, se aconchegar e dormir.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
eternamente filhas, irmãs e amóris.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-88424905115651513272014-02-07T00:40:00.004-03:002014-02-07T00:43:14.287-03:00Geografias #1<div style="text-align: justify;">
Era uma rua quase conhecida, mas mais pela insistência que pelo antes. Por isso mesmo, tanto fazia o lado, e eu ia de uma quadra para outra, ajeitando os óculos para parecer vagamente preocupada, vagamente distraída, e pedindo em silêncio para que ninguém enxergasse que, na verdade, eu estava perdida. </div>
<div style="text-align: justify;">
Virei de costas para acender um cigarro no outro. Não acho que fosse da conta de ninguém, mas podia parecer desespero, tantos cigarros, a garrafa quase vazia. Tomei um café, em pé no balcão, sem tirar os óculos. Voltei duas quadras, para perto dos portões verdes e das rosas colombianas. Cena de cinema.</div>
<div style="text-align: justify;">
Parei em frente ao portão que um cachorro me olhava, muito sério, com uma cara de gato. Pensei se valia esfregar o focinho dele (não valia). Pensei em sentar no meio fio, que é um dos lugares mais confortáveis do universo (não sentei). Usei três cores pra pintar um retrato seu, com a cara no meio das árvores. Ficou ruim, mas não joguei fora.</div>
<div style="text-align: justify;">
Acendi mais um cigarro, mais pelo tédio que pela vontade de fumar. O calor que se desprendia dos meus braços subia em espirais fumaças de incenso e se misturavam com a claridade agoniante das manhãs de domingo. Fingia ouvir passarinhos e rios, mas os carros entupiam meus ouvidos com seus gemidos programados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sem querer ser previsível, fiz o que já sabia: tracei o percurso afetivo do próximo amor mapeado, lembrei das coisas que não precisavam ser carregadas e descobri minha próxima fuga inevitável.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-31799089869122057842014-01-30T06:37:00.002-03:002014-01-30T06:37:56.394-03:00Declaração de amor partido<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;">para ler ouvindo</span></div>
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=ABYnqp-bxvg" target="_blank"><span style="font-size: xx-small;">1 2 3 4</span></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Eu não sei se é o calor ou se são os dedos. Não sei se são os cílios ou o laranja. Eu não sei de onde vem, e jamais posso imaginar onde vai dar. Eu não durmo, eu suo, eu enrubesço só de pensar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Me deixo viver aquelas borboletas no estômago que só existem quando se é adolescente demais para não sonhar um beijo, de tantas formas de um jeito docinho e cinematográfico. Imagino o cheiro do hálito, imagino os nós dos dedos se esfregando nervosos nos meus. A pontas dos dedos coladas, que me fazem ofegar. </div>
<div style="text-align: justify;">
Esses sentires desgovernados, anárquicos, libertários e libertinos. Sem entender nada, eu vivo esse mar de possibilidades, sem saber qual delas me atrai mais. E mesmo em rebuliço por dentro, nada pode perder seu rumo, porque é de afeto e sem dúvidas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- onde será que ficam as mãos quando você beija?</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-71732549471426275972014-01-26T00:29:00.002-03:002014-01-26T00:29:38.108-03:00Tangentes cotidianas.<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">para morrer ouvindo</span></div>
<div style="text-align: right;">
<a href="https://www.youtube.com/watch?v=UDK8nuKyAgg" target="_blank"><span style="font-size: x-small;">quiet is the new loud.</span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tudo certo. Tudo muito certo. Tudo mais certo do que eu poderia prever. E então?</div>
<div style="text-align: justify;">
Não entendo a angústia, o marasmo, a inércia. De onde vem o medo, quando nada te amedronta? Queria virar um ovo, me prender dentro de mim, e me olhar até que eu me enxergasse de verdade. </div>
<div style="text-align: justify;">
Respiro, medito, faço um bolo, toco uma musiquinha que me faz sentir adolescente. Os sentires são enormes, as sacações cotidianas tem tudo para me impulsionar para o mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas permaneço aqui</div>
<div style="text-align: justify;">
e s t á t i c a</div>
<div style="text-align: justify;">
à espera de um estopim que jamais virá, porque meu. Porque catártico e ninguém pode romper a minha inércia.</div>
<div style="text-align: justify;">
A verdade é que a felicidade me assusta e eu quero jogar o corpo no mundo e sofrer de verdade pra não sofrer esses sofreres escusos. É que morro de medo de ser feliz. E por isso escolho as paixões mais ao revés, invisto nos erros, padeço o corpo por mera insistência. Sorvo passados, por pura preguiça do novo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sonho uns pés, os seus nos meus. Sonho uns pés, calçados com um sapato de sola grossa que nunca tive, mastigando poeira e rio e incerteza e mapas. Sonho uns pés, enrolados em gatinhos e lãs.</div>
<div style="text-align: justify;">
Fico aqui, maldizendo o presente. Com saudade do passado, cheia de ânsia pelo futuro, fingindo não saber que é tudo</div>
<div style="text-align: justify;">
tudo</div>
<div style="text-align: justify;">
retudo</div>
<div style="text-align: justify;">
póstudo</div>
<div style="text-align: justify;">
tudo</div>
<div style="text-align: justify;">
tudinho</div>
<div style="text-align: justify;">
a mesma coisa, a mesma repetição, o mesmo amor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Que venha toda manhã, de luz e claridade.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-38660437249786551192013-09-26T12:18:00.001-03:002013-09-26T12:18:35.474-03:00Campestre #01<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><i> para ler ouvindo</i></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><i><a href="http://www.youtube.com/watch?v=yJGL1hdl8Cw" target="_blank">aguas que van quieren volver.</a></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Parecia que seria nunca, mas a luz pintou o céu negro estrelado. Vinha lento, preguiçoso, inegável. Impossíveis azuis escondendo as estrelas, anunciando a iminência do sol. Ondas de calor sutil prometiam o fim da noite, passarinhos acordavam o verde das folhas, os voos tingiam sem pressa o amanhecer. Um despertar harmônico, coletivo. Respiros em bocejos, gracejos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os olhos sorriam o acordar do dia. Corpos colados sob cores quentes, cabelos emaranhados de grama, flores, penas. Lábios em versos e beijos sedentos. A pele brilhava em pequenas explosões solares, mornas, os pés ansiavam os orvalhos macios, o mato lambia, ainda gelado, as pisadas matinais.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os caminhos se encontravam, aquáticos, nas pedras murmurando sob a correnteza. Um riozinho. Um mundo de água e sussurro, despido e constante. Manchado das sombras, brilhava como ourinhos onde o sol tingia. A magia que só as mães-d'água têm nos atraía devagar, cada vez mais intensa.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os dedos decididos submersos, os poros se rindo do frio despretensioso da água fresca. A ânsia terrestre de voltar ao mundo líquido era esticada, prolongada ao prazer sensorial da lentidão, da descoberta. As coxas arrepiadas, o sexo beijado, o estômago suspenso numa paixão de solfejos, os mamilos duros, a voz projetada e surpresa, a boca doce, os cabelos bailando em ondas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Corpos cabem perfeitamente submersos e gelados. As ideias penteadas por peixinhos, os sentires tão simples, escorregadios, fluidos. Escorregam carinhos de encontro e amor total. A grande água orienta as pequenas águas de nós, em margens sensatas, afetivas, a intensidade de ser, e saber ser em outro.</div>
<div style="text-align: justify;">
Vive-se para voltar às águas.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-21230004629967172622013-09-05T22:12:00.001-03:002013-09-05T22:13:11.881-03:00Projeções #2<div style="text-align: justify;">
A solidão da cama tem qualquer coisa de confortável, de mais-melhor. Me sentir pequena e espaçosa, me esquentar devagarinho, dormir com cheiro de travesseiro. Ter o gosto dessas lembranças tão boas, escorregando pelos lábios os sorrisos dos beijos roubados, entregados, de tanto beijo. A minha pele mistura os sentires todos num desencontro de carícias e suspiros atemporais. Ir misturando os desencontros com pó de sonho, sonhar em cores de anil.</div>
<div style="text-align: justify;">
Penso em quantos olhos eu mirei bem no fundo, os laguinhos coloridos que me mudaram dentro. Lembro dos amigos que tenho, das teias de amor que a gente se prende. O sorriso cúmplice da manhã, as despedidas, a continuação de todo o amanhã, enfim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acabei entendendo mais de amor, pelos dias que ainda existirem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-37898733577216270822013-09-04T09:40:00.000-03:002013-09-04T10:52:10.923-03:00Derramamentos #2<div style="text-align: justify;">
Você é água. Sinuosa, corrente, transbordante, um rio que toma a terra seca e sedenta, molhando os lábios, a língua, as ideias mais remotas. Onde quer que toquem suas águas, frescas, brotam flores.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Te olho de relance, tem cores de marés, de vagas, de ressacas. A tua grande água atrai as pequenas águas que me bolem dentro, orbito aquática nos teus encantamentos. Te vejo quando não me olha, seu corpo ondula, excita, se entrega, flutua. Não sei a profundidade dos seus olhos, e me deixo ser tragada lentamente para esse infinito que se desdobra em rio, em riso. </div>
<div style="text-align: justify;">
Não há tempo no espaço-liquido. Sempre te soube de cór, inteira e nublado mistério, sem saber do tempo casto que virá. Sou só sede e cedo a tuas aquidades.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-18424183361818930442013-08-20T17:20:00.000-03:002013-08-20T17:20:02.694-03:00Solidão agosto, relendo.<div style="text-align: justify;">
Desde que comecei a procurar casa, desde sempre em Porto, olho casas com desejo. Todas, as viáveis e as não. No mundo dos quereres, tudo é possível, tudo é viável, tudo é divino e maravilhoso. Quando decidi me mudar com os amigos, tantos deles, o olhar se refinou, as placas de aluga-se saltavam aos meus olhos. A pé, de bici, de dentro dos ônibus. </div>
<div style="text-align: justify;">
Agora eu não tenho casa. Eu existo no tempo, em muito espaços. Um pouco lassa, um pouco extenuada, um tanto inexistente. E no meu caminho de rotina tem a rua da República, e sua imensa casa vazia. Seu enorme jardim largado. Seus espaços em hiatos. Eu vazia dela, ela vazia de vida. Eu transbordante de vida, ela seca e sussurrante, ávida.</div>
<div style="text-align: justify;">
Me consome saber da vaziez da cidade, das casas fantasmas, da poeira assentando sobre tudo que caberia num mundo doce: ninhos, afetos, travesseiros. Vagamos nós, famintos, friorentos, como uma gota que pinga no vazio, o eco. Reverbero inteira sem nenhuma certeza. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E quando chove, sinto até os ossos gelados, nessa cidade blasé e sem ternura. Fico parada, desejando estar mais ali. Mais dentro. Entranhada naquele cimento. Eu seria boa para ela, com uma panela quente e fumegante, meus amores enrolados num tapete felpudo. Eu seria lar para aquela casa tão só. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sigo amando </div>
<div style="text-align: justify;">
só </div>
<div style="text-align: justify;">
a casa </div>
<div style="text-align: justify;">
sem nó.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-13082119115581744662013-07-12T03:20:00.000-03:002013-07-12T03:20:58.233-03:00solidão.1De tanta amargura o olho vira sal. O coração se comprimindo numa caixinha do tamanho do nada, deixa só um soluço quebrado na garganta.<br />
<div style="text-align: justify;">
Incômoda. Inapropriada. Indesejada. Descartável. Os sentimentos são antigos e se sobrepõem, comprimindo mais, soterrando meus sentires suaves, as doçuras. Amalgamando a desesperança. A certeza de ser só um erro, um desvio, uma pedra no caminho. Nociva, cruel e exasperante, num mundo de água eu sou toda óleo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Do amor, só sobrou o medo, o desengano, a fratura frágil e exposta, latente, sangrenta. Não tenho minha personalidade, meus climas, meus tempos. Espero uma onda ou a morte, o que me arrastar primeiro.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-7392996768938764932013-05-26T22:25:00.001-03:002013-05-26T22:39:47.447-03:00Derramamentos #1<div style="text-align: justify;">
Da flor, o mistério. Não sei se sabes, mas eu não sei. E o não-saber-não-ser-sem-desser, mais saboroso que qualquer olhar, vai adoçando meus dias, e pinga-pinga-pinga assim, delicada. Te brota em mim, hortelã, folha atrás de folha - dobrada, verdejante, um coração; cheiro atrás de cheiro - meninamulher. E enche meus dias de borboleta e abelha e mel. </div>
<div style="text-align: justify;">
Me desviro num jardim, metade sabor, metade cor, só para te encantar. Desviro os versos em frutas, que seus lábios gostam, sorriem. Me encanta seu sorriso, assim, enviesado. Ou daquele jeito outro, escancarado. E os lábios num biquinho, passarinha, para me desvirar em nuvem, flutuo, a brisa me desfaz. Chovo em mim e não te alcanço. </div>
<div style="text-align: justify;">
Fico, sem querer, na ponta dos pés. Pisco as pestanas, cheias de orvalho, para te ver, bailarina, pisando levinha aqui-e-ali. Me estico até lá longe e não te toco, não sei seus macios nem seus quentes. Do que me resta, contemplo seu existir tão tocante, com dedos tremelicando, coração na gangorra. E, mesmo antimusical, solfejo meus ais em mi menor, e lá.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De todos os mistérios do planeta, tinhas justo que ser a flor.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-80615639286177979072013-05-13T20:16:00.000-03:002013-05-13T20:16:38.232-03:00Da adolescência tardia.<div style="text-align: justify;">
Uma onda imensa, um calor intenso, estrelinhas que piscam-piscam-piscam. Me sinto adolescente, desistindo e recomeçando, acreditando na felicidade. Acredito tanto que o mundo vai ser mais doce, eu vou viver de suspiros, risinhos e asas de borboleta. Não consigo aceitar as obrigações cinzas e enfadonhas porque sim, quero motivos doce para caminhar, para seguir, para querer viver.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sinto tudo e sinto tanto, pulso inteira, tremo com as menores brisas, os sutis toques, os subliminares verbos. Escrevo como se escrevesse um diário, cheio de poemas e corações. Vivo como se vivesse um diário, com canções bobinhas, segredos com amigas, códigos secretos, escondendo as doçuras e mistérios de tudo quanto não pode ser tocado.</div>
<div style="text-align: justify;">
Vivo as amizades queridas, anoto nas bordas dos livros, bebo demais, me apaixono pra sempre a cada sexta-feira, parto meu coração e esqueço que ele está partido, assisto Amélie Poulain. Escrevo cartas jamais entregues, esqueço de lavar a roupa, deixo o esmalte roído, ligo no meio da noite pra não me sentir sozinha.</div>
<div style="text-align: justify;">
É euforia e vazio, festa e solidão, amortotal e lágrimas de água do mar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dentro de mim, é tudo névoa e sparkles, e sininhos tocam no caminho do vento. Só queria poder abraçar o mundo com sutilezas.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-48627492967822150682013-02-04T23:14:00.000-03:002013-02-04T23:14:44.447-03:00ovo.<div style="text-align: justify;">
Uma saudade incomensurável de tudo quanto é quente, redondo, macio. A procura desesperada pelo amparo impossível nos copos, nos corpos, nos delírios. Um vazio devorando aos poucos tantas certezas, tantas adultezas. Nem gato, nem língua, nem livro, nem birita, nem cigarro.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nada me acalma.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nada me preenche.</div>
<div style="text-align: justify;">
O choro fica meio engasgado, meio deslocado. Não tem motivos pra chorar. Não é saudade: é uma precisância enorme do cheiro da cozinha da avó, de dançar descompassada com o avô. De dar colo pro primo, e contar história, e dividir as histórias da vida, e pintar com lápis, e fazer bolo de chocolate com recheio de chocolate e cobertura de chocolate e confeitos de chocolate e comer dois pedaços com Toddy. É passar a tarde ouvindo as histórias da casa e os porres dos tios e as histórias de de velório, de churrasco, de acidente de carro. É ouvir as mesmas brigas sobre quem é quem nas fotos preto-e-brancas, já velhas, meio esquecidas. </div>
<div style="text-align: justify;">
É a vontade de ficar embaixo da mesa pra ganhar cafuné de mãe. De ter que levar casaco e guarda-chuva e ligar se for atrasar. É ter que ir ao médico emburrada. É se sentir meio adolescente sendo controlada pela mãe e adorar isso. E pedir pra dormir junto e desistir no meio da madrugada, porque é cedo, porque precisa fumar, porque.</div>
<div style="text-align: justify;">
É odiar ter quebrado a casca do ovo, e só saber tudo isso por tê-la quebrado.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-81786628606672278942012-12-11T01:48:00.001-03:002012-12-12T03:21:27.355-03:00Prelúdio.<div style="text-align: right;">
<span style="color: #999999; font-size: x-small;">- mexe qualquer coisa dentro doida</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="color: #999999; font-size: x-small;">já qualquer coisa doida dentro mexe.</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="color: #999999; font-size: x-small;">(caê)</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Como num bordado imenso, a beleza, a bossa vêm da repetição. Esperamos com calma o tempo de trançar as linhas que esboçam um desenho que não enxergamos, porque enorme. Que não tem fim, porque espontâneo. Não sabemos o que virá. Como virá. Se virá. </div>
<div style="text-align: justify;">
Sei dos matizes, das cores, dos tons. Sei dos cinzas, dos hiatos, dos nós. Se enquanto traçamos sobram-nos as lágrimas e os ais, faltam as razões, desviram-se em fins. E só quando se torna passado enxergamos a luz e os brilhos, porque tem escuridão. Os vazios delimitam os detalhes mais sutis. Mais nossos. Ainda que o tempo-espaço seja cruel e fira os desejos, extrai com cuidado os aromas mais profundos. </div>
<div style="text-align: justify;">
Somos bicho, pele, cheiro. Fome, instinto, tesão violento. Fluídos, suor e sangue. Numa noite carregamos energia luminosa para clarear os caminhos tantos outros. Expostos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Somos verbo, poema, canção. Escolhemos a dedo as palavras-imagens que se erguem como castelos entre nós. Translúcidos e etéreos, juramos sob a lua vazia as delicadezas que só cabem a nós. Que esmiuçamos ao longo das noites mais molhadas de saudades e desencontros. Delicados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Afino meus gestos para seus acordes precisos. Sinto a pele, as ideias emaranhadas. Me misterio para você descobrir. Desabrocho, para você me tocar.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-10313822905985631922012-11-26T03:42:00.000-03:002012-11-26T03:42:24.306-03:00Ostre-se.<div style="text-align: justify;">
Nasceu dobrada, deslizando sob o azul. Por fora, concha. Por dentro, molusco, mole, víscera. Nasceu sem saber que tinha nascido. Cresceu sem saber que existia. Sabia o sal, o mar, a maré, o clima. Sabia quente e frio, mas não sabia calor. Não sonhava, porque não tinha futuro, não tinha medo, não tinha desejo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Escolheu de cama uma pedra, e lhe bastava a dureza contra a pele áspera. E num bocejar distraído, como quem se espreguiça sem largar do travesseiro, engoliu um grão. Um pesadelo grão, um grão pesado. Um estrangeiro invadindo seu âmago, seus mistérios, seu não sentir. Não sabia gritar, não tinha abrigo que lhe protegesse do estranho. Seu meio exposto, do lado de dentro. Como não sobrasse mais nada, chorou. </div>
<div style="text-align: justify;">
Tanta lágrima, e a dor era constante, irritante, aguda. Lágrima branca, a escorrer pelo tempo. Os sentires amargos se espalhando como raízes conscientes na sua existência tão sensorial. Já esquecida de sentir o azulmar, por sentir tanto o pesogrão, um dia não existia mais mar. E a dor da secura quando já tão acostumada à água, o incômodo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Dentro, peso. Fora, árido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Desdobrada. Por dentro, um segredo. Por fora, um emaranhado de dedos e visgo. Visceralmente exposta, pulsando numa morte seca, sem sangue. Um grão parece leve quando não há água-e-sal. Um riso humano se espalha no ar, se esparrama, se ri: é uma pérola. </div>
<div style="text-align: justify;">
Desostrada, a massa cinzenta em meio a tantas outras iguais, não gosta da risada feliz. </div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-52672400194102604822012-11-22T20:46:00.000-03:002012-11-22T20:46:52.126-03:00Retratinho #1<div style="text-align: justify;">
Era boneca de pano. Não por ser de macela e ter olhos de botão, mas por não saber ser outra coisa. Não era como os blocos de montar, que podiam ser tudo. Era uma coisa só. Não tinha bolhas de sabão, nem sininhos. Tinha pele surrada de tecido qualquer. Tinha um vestidinho já desbotado, de tanto ver água-varal-sol. Não tinha mais o cheiro do seu recheio, era fadada a ter caruncho ou mofo, rasgar. </div>
<div style="text-align: justify;">
Era boneca de pano, e não ficava na ponta do pé. Não voava por cima do muro, não conhecia o mundo. Não por falta de sonhar, mas por falta de quereres. Quando se é boneca, o sorriso na cara é todo-dia, mas vai-se secando tudo por dentro, murchando, e sorrindo. A boca pintada e os olhinhos tortos de botão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Era boneca de pano. Num mundo em que tudo tem motor-corda-botão. Era aquilo ali, só. Não brilhava, não zunia, não sabia as horas. Num mundo em que tudo é de plástico, de metal, virtual. Tinha as costuras pra fora, um bracinho mais grosso que o outro. Não tinha articulações, nem cintura, nem peito. </div>
<div style="text-align: justify;">
Era boneca de pano e se sonhava passarinho, barco, balão, nuvem. Passava os dias no fundo do cesto de vime, esperando a infância, ou o que viesse depois.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-28090593425337748212012-11-19T00:45:00.003-03:002012-11-23T22:47:45.167-03:00O zoológico imaginário (ou Como Freud parou de fazer sentido pra mim)<div style="text-align: justify;">
Não sei se é a idade, ou a responsabilidades, ou as contas ou a saudade. A verdade é que quanto mais passa o tempo, menos culpa minha mãe tem. Claro que sempre será culpa dela, para o bem ou para o mal, mas parei de culpá-la pelas minhas próprias frustrações <span style="color: #cccccc;">(beijos pros infinitos analistas)</span>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma das culpas aleatórias que mais atribuí a minha mãe-preta foi por nunca ter tido pets. Eu sempre quis um cachorro. E nunca tive um. Hoje eu de fato entendo que seria um inferno uma criança (depois uma adolescente) num apartamento com um cachorro. Gatos fazem cocô na areia, tomam banho sozinhos, não exigem carinho e nunca saem pra passear e já não é fácil. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas eu só sei disso agora.</div>
<div style="text-align: justify;">
Exumadas as culpas, ao que interessa: ao longo dos anos, eu fui criando um zoológico imaginário. Não contaremos os dinossauros, e a fase em que eu tinha plena certeza de que seria bióloga um dia para encontrar os tais répteis. Lembro quando era bem pequena, assisti <i>Meu amigo Panda</i> e tudo que eu mais queria na vida era um pandinha (anos depois, já crescida, eu e mãe ganhamos dois bambuzinhos e seria deselegante negar que achei ser esse o momento exato pra adotar um panda). Sem pandas, tampouco cachorros, eu tive um peixe dourado, o Pixe, e muitos outros peixes depois. Mas amor de peixe é esbugalhado, e eu era só uma menininha. O mais estranho de tudo, é que por anos morei na mesma casa que o Linus, o cachorro que passou a vida preso num cercadinho de 1 x 1m, sem nunca ter encostado a mão nele. Hoje tem a Amorinha e o Eros, meus amores incondicionais, mas o zoológico já está feito.</div>
<div style="text-align: justify;">
Além de um blackbird/ frango/ poba e um elefante tatuados, eu tenho uma infinidade de pelúcios: um cão teórico socialista, uma vaca-hipopótama de uma pata só, um urso chocolate, um tarepanda. Um tatu de argila, um gato de madeira, um elefantinho roxo florido, infinitas joaninhas, uma girafa de pois, tantas roupas e bijuterias com temas animais quanto uma criança de sete anos. Além disso, a minha eterna vontade de pegar os insetos com a mão e a tristeza pelo vôo insistentes dos bichinhos; e atualmente como defensora dos insetos contra as caçadas do Eros. </div>
<div style="text-align: justify;">
E que tem isso? </div>
<div style="text-align: justify;">
Não sei. Mas é um zoológico lindo. E esses bichos, mainha ama todos. <br />
<br />
<br />
P.S. Nunca li Freud nem nada, era só pra ficar com um nome chiquetoso. </div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-46635537540703843722012-10-19T19:40:00.000-03:002012-10-19T19:41:58.853-03:00Cotidiano ou Pseudo crônica sobre o insuspeito.<div style="text-align: right;">
<span style="text-align: justify;">(capítulo I)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
ahh mentevaz iapareceque oosso do jo e lhovai esfarelar eseeuacho que nãopensoemnadai sso jépensarcorrecorrecorre!fo geenão pá ra nem pra respirardeixa o aaar pralaquehojeamor tetá mais pertoque eu achei que elaiaestarumahoraououtra elaiachegar masquevaiachar a minh amãeela bemdisseprae unãovir.eeuvim eu to eutenhoquecorrer e fugir e olhar pra calçadapulanaruacui dadocom o </div>
<div style="text-align: justify;">
bu </div>
<div style="text-align: justify;">
ra </div>
<div style="text-align: justify;">
co </div>
<div style="text-align: justify;">
no </div>
<div style="text-align: justify;">
chã </div>
<div style="text-align: justify;">
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<div style="text-align: justify;">
pé </div>
<div style="text-align: justify;">
que </div>
<div style="text-align: justify;">
brou </div>
<div style="text-align: justify;">
e </div>
<div style="text-align: justify;">
tem </div>
<div style="text-align: justify;">
u </div>
<div style="text-align: justify;">
ma </div>
<div style="text-align: justify;">
bo</div>
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ta </div>
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na </div>
<div style="text-align: justify;">
mi </div>
<div style="text-align: justify;">
nha </div>
<div style="text-align: justify;">
nu</div>
<div style="text-align: justify;">
.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
.....</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não segure as portas. Isso provoca atrasos em todos os trens.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
.....</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Que bom que você veio! Quer vinho?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Eu só quero te comer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
.....</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
XXX,</div>
<div style="text-align: justify;">
hoje eu percebi que eu não te amo mais. Eu não vou mais te ligar, eu não vou mais aparecer. Te cuida.</div>
<div style="text-align: justify;">
assinado:Maria.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
(capítulo II)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Diário Popular</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Menino é confundido com ladrão e morto na madrugada de ontem. <i>p.5</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
.....</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Olha dotô, essa minina começô a gritá no mei' do trem e esfaquiô todo mundo que tava tentano entrá. Seizóra da tarde.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
.....</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>berros ao fundo</i>: FILHADUMAPUTA!</div>
<div style="text-align: justify;">
<i>enfermeira</i>: Doutor Parruda, tinha um saca-rolhas atravessado no pênis do paciente do quarto 9.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
.....</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
estampido seco, sangue no asfalto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
(capítulo III)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um dia eu vou parar de vomitar o que eu como. Eu vou parar de correr 4 horas nessa maldita esteira ergométrica. É. Eu vou ter dinheiro, vou fazer uma lipo, tirar tudo e botar silicone. 2 litros. E daí eu nunca mais vou entrar num metrô. Eu nunca mais vou encostar no zé-povinho. Vinho, eu vou viver de vinho. Eu vou trepar com todos os caras bonitos do serviço. E nunca mais vou ter que chupar o pau do velho que me paga e me dá folga, só eu deixar ele ver meus peitos. Eu vou parar de fumar e vou cumprir minhas resoluções de ano novo. Eu vou parar de querer viver numa novela.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tá na hora da minha sopa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>(Texto original do </i>Devaneios ao Pesto<i>, um dos meus primeiros blogs. Postado em 25.03.08)</i></span></div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-1812065269047675522012-10-16T01:43:00.002-03:002012-11-23T22:48:53.878-03:00Além do que se vê. <div style="text-align: justify;">
Acho bonito quando te vejo assim, sem a pose. Te vejo menino e descabido, absurdo, doce. Sinto uma vontade imensa de te prender entre os braços e conversar amenidades, porque sei que você entende das coisas mais profundas de mim.</div>
<div style="text-align: justify;">
Espero que o tempo seja leve, que o caminho tenha mais prazer que dor, que venham mais noites que tempestades. Sigo o caminho ruminando as ideias e os sentires, esperando que minha luz torta te sirva de lanterninha no caminho. </div>
<div style="text-align: justify;">
Quero te escrever coisas bonitas, mas me falta verbo. (Você escreve melhor que eu, e mesmo assim eu tento)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Te amo.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-71213523272052273402012-10-12T05:52:00.002-03:002012-11-23T22:49:48.668-03:00Casa.<i>fecha-se a porta do bar, os trôpegos saem.</i><br />
<i><br /></i>
<br />
<div style="text-align: justify;">
- Olá, mundo. Ou você roda, ou eu estou louca. Olá, loucura, quanto tempo! <i>suspiro. </i>As belas mulheres continuam aqui, as doces amizades também. O céu é ainda brutalmente azul, e o sorriso ainda sai espontâneo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>canta na rua vazia, e dança acompanhando o passo:</i> Bom dia, mundo, é hora de dormir.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>infinitas escadas: </i>(O mundo acabar, </div>
<div style="text-align: justify;">
a noite ter seu derradeiro fim. </div>
<div style="text-align: justify;">
Sem uma saideira. </div>
<div style="text-align: justify;">
Beber a cama, </div>
<div style="text-align: justify;">
as nuvens acumuladas sobre o céu de cetim. </div>
<div style="text-align: justify;">
Um trago dela </div>
<div style="text-align: justify;">
um trago dele</div>
<div style="text-align: justify;">
e fim.)</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-91997486491148695032012-09-26T14:13:00.000-03:002012-09-26T14:13:01.433-03:00Quando foi, já não quis<div style="text-align: justify;">
De sonhos intranquilos, um susto me acordou. Lentamente, tomei consciência de mim. De você. De teu corpo apertado contra o meu. Dos cheiros da nossa saliva e da nossa transa. Esses cheiros velhos conhecidos, sua pele que meus dedos sabem de cor, meus cabelos enrolados nos seus. Te descubro entre meus braços, respirando calmo teu sono sobre meus meus poros.</div>
<div style="text-align: justify;">
Te olho, e você não me comove mais. Não tenho mais ganas de desbravar seus sorrisos nem lamber suas lágrimas. Não quero mais entender seus mistérios (os mistérios que já conheço, acho enfadonhos, aburridos, sem graça). Não sinto mais meus futuros encarcerados nos seus caminhos, seus dedos não podem mais desabrochar meus segredos. Enquanto você dorme, não me lembro da cor de seus olhos. </div>
<div style="text-align: justify;">
Engulo seco, minha racionalidade me convence aos poucos. Ainda assim, meus olhos marejam, eu busco no seu suor delicado qualquer essência de amor. Viro seus braços num abraço em mim e, encarcerada na sua pele, murmuro e peço para sentir eternidades. </div>
<div style="text-align: justify;">
Rumino o que será dos meus desejos, que tanto quis eternos. Dos meus sonhos de futuro, abrigo tranquilo na contramão dos dias de terror e amor. Penso no que simbolizava esse querer bem: as esperas adolescentes. O pé no passado, estanque, eterno, imutável. A raiz latente de flores monogâmicas e frutos-filhos. O desejo pueril de um conto de fadas moderno, um final feliz démodé, com dedos enrolados e rendas de cumplicidade, tecidas com calma pelos passar do tempo. Penso na distância em que essas possibilidades se perderam, descabidas, sem sentido, retrógradas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Te acordo, para dividir mais um orgasmo. <br />
Fumamos em silêncio, cansados e sorridentes. Sei dos encontros que ainda vão acontecer, porque nossa pele é feito um ímã. Entre um beijo e outro, tento entender o que somos nós dois, e por que somos assim, mas a adrenalina e a nicotina embaralham as minhas ideias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Como brilho eterno de desmemórias esfumaçadas, te enxergo enquanto adormeço. Você parece um sonho encostado, empoeirado, entre cílios e memoráveis acordes.</div>
l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-36904012942001322972012-09-23T01:18:00.005-03:002012-11-23T22:52:54.491-03:00Cinematográficas #01Hoje acordei e pensei: se a Audrey se vestia assim, o que me impede?<br />
Me vesti de beatnik.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-GZ9dCAo1e-w/UF6NlOdSHdI/AAAAAAAAAHk/c8zOs0kZk4c/s1600/audrey-hepburn-on-bicycle.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-GZ9dCAo1e-w/UF6NlOdSHdI/AAAAAAAAAHk/c8zOs0kZk4c/s320/audrey-hepburn-on-bicycle.png" width="222" /></a></div>
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<span style="color: #999999;">(não saí de casa.)</span>l u a .http://www.blogger.com/profile/05568400307887089874noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2798469279618734418.post-89252678637751112362012-09-11T19:26:00.001-03:002012-09-11T19:27:19.224-03:00Ode aos óculos.<div style="text-align: justify;">
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Nunca vou me esquecer de quando descobri que precisava deles. A minha primeira reação foi culpar alguém (coisa que faço muito bem, distribuir culpas aleatórias). Depois, fui comprar os malditos óculos. Chorando. Quando experimentei o vermelhinho, a luz se fez em minha vida. Ele combinava com a minha cara inchada e meu nariz vermelho: meu óculos ornavam com o drama. Ele me escolheu. </div>
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Lembro de quando eu não sabia limpá-lo direito, e ele sempre estava coberto com uma leve camada ensebada e empoeirada. Da demora em aprender a tirar os óculos antes de beijar. De quando todo mundo saía procurando meus óculos, putos comigo, porque eu o tinha pendurado num lugar idiota: num cabide, junto com a toalha do banheiro, no puxador do armário, no freio da bicicleta. O incrível poder de transformar todo homem num arquiteto viado. Todo mundo dizer: se não tem grau, pra que é que você usa? A horrorosa sensação de acordar depois de ter dormido com a cara enfiada no óculos. O momento da noite em que com-óculos-sem-óculos-tanto-faz, já tá tudo borrado e brilhando, mesmo. A experiência de andar na chuva e as gotas virarem estrelas na lente. O dia que eu pinguei colírio achando que esta sem ele, a gota escorreu na lente e eu não entendi nada. O Psicodália em que dançamos Confraria da Costa em cima dele, e passar o carnaval sem eles. As várias vezes que ele batia no óculos de outra pessoa. Ele mais torto que minha cara nos últimos meses.</div>
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Foram 3 anos juntos. Meu primeiro par de óculos. A dor e a delícia de ter eles na cara quase todo dia. Um triste fim pra um amor mal ajeitado.</div>
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