Um cara que era amigo, amigo mesmo (e agora me ignora no ponto de ônibus, que engraçado) me disse isso uma vez. Nem deu pra atribuir à cachaça, porque estávamos a caminho do bar. Aquela frase ficava ecoando.
Não tem problema, peraí. Começa que eu nem gosto que me chamem de Luara! E nessa época eu ainda estava no armário, em muitos deles, o cabelo era um problema, a sexualidade era um problema, o peso era um problema, a minha mãe, a minha família, o quase-pai, a militância... A minha vida era um lugar chato, bem chato.
Naquela época, eu não tinha problemas. Só bulimia, anti-depressivos, lítio (um abraço na galera bipolar), e um ano, sim, eu disse um ano sem sequer beijar alguém. Quem dirá sexo, pff. Eram tempos cascudos, mas você não conhece pessoas e diz: oi, sou bulímica e tá na hora da minha tarjinha preta, bjs. E o medo dos meus problemas feiosos e idiotas serem descobertos, me fazia ser assim aos olhos dos outros. Sem problemas.
Agora, tanto tempo depois, não tenho mais aqueles problemas, e parece que venho me livrando daqueles que adquiri ao longo dos anos, uns quatro ou cinco anos. Tirando os óculos (falando nisso, cadê eles?) e a mais plena falta de perspectiva de me formar em menos de ∞ anos, não tenho nenhum problema, obrigada. É verdade que eu queria amar esse ano, mas vou bem sem o Amor, seja como for. Meu cabelo tá ótimo, minha maquiagem é boa, e a cabeça está bem, no lugar. Não tomo mais porres, não abuso dos psicotrópicos e o cigarro não me incomoda, ainda (queria aproveitar e dar um beijo no coração do Serra e do Kassab, vocês são fofos).
Não queria ser gorda, é verdade, mas só faço dieta se der vontade. Senão, a vida tá aí e eu não vou perder meus dias tentando diminuir números; até porque um créme brûlèe é mais aprazível que ser chamada de gostosa no metrô, pelo menos eu acho.
A crise existencial vai bem, obrigada, ela nunca parte de verdade, mas daí a dizer que a culpa é minha já é demais. A culpa é do mundo e do Sartre, ninguém me consultou sobre nada, estou limpa nessa.
A bem da verdade é que me assusta. Estou na porta dos 21 e tranquila. Tenho chorado pouco e não pretendo fugir para cidade alguma (mais um salve pra Luiza!). O caso é que o tempo passa e até a crise perde a graça: está tudo bem sem ter amigos, está tudo bem sem me dividir em montes de pessoas que me entendam. Não tem o que entender. Estou beleza na represa. O cara que eu queria namorar? Depois de tantos anos, ele ainda não entendeu? Pois é, que chato, eu vou ter que esperar, mas isso não é motivo pra nada, no máximo pra mais um café, acompanhado de cigarro.
Sem contar que desemprego é uma dessas felicidades sutis que o mundo modernos nos priva, verdade seja dita! Que delícia. Não fazer nada, descansar depois. Ler o texto da aula, o blog do vizinho, um bom livro. Acordar, tomar café e voltar pra cama. (Se eu acreditasse em deus, fato que ele ia vender brinco de arame na praia e viver muito numa nice.)
O meu problema é que eu não tenho problema. Todo o resto, é consequência.
(quem leu tudo, quem já me viu em crise ou acha que o meu problema é outro e vai me dizer qual é, escreve pra mim, que eu te pago uma cerveja e tudo fica bem, ok? lua.museologica@gmail.com)
4 comentários:
Eu li tudo. ^^
Sabe, me deu uma saudade daquele dia que tomamos um café, depois uma cerveja e demos várias risadas =D.
Um beijo, Lua.
O problema é que eu te amo.
Luara* lindo nome, minha prima tem um desses....
Bom, ninguém tem problema na verdade é tudo só um montante de escolhas que temos que fazer ou não... o resto é só o tempo mesmo, ou a birita, ou tudo isso junto....
Beijundas ^^
Obaaaa.
Então, vamos marcar, Lua linda ^^!!!!
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