24.2.09

[do amor, VI]

- branco no prêto - é isso que ela diz, há horas, intercalando outras frases, que não absorvo. - prêto no branco.
infinitas vezes me rio, com cara de quem ouve. me pergunto, por que te amei. eu já nem sei se amei, ora-vejam-só.
- eu te amo, como branco no prêto. - diga outra coisa. por favor. me fale de música, me conta uma história de quando era pequena. me diz o que almoçou. por favor. - sem você sou pá furada.
não, não cita ninguém, ameba. e se for citar, cita o jabor. cita o sílvio santos. que daí eu rio. pelo menos isso. me diz de você, me deixa te tocar. os floreios da fala me dão coceira. umas metáforas de bar, on-the-rocks-com-gelo. vai, evolui.
- me beija.

tento me lembrar de josé de alencar, camilo castelo branco. qualquer um. até camões serve. me saboto, como sempre. acumula-se no fundo da garganta uma bola de augusto dos anjos.

(prêtobrancoprêtobranco).

um escarro cinza te cobre a boca.

10 comentários:

Fernanda disse...

quando se é amor da cabeça aos pés.até o preto e branco se toda colorido como a aquarela.

Michelle, disse...

preto e branco é charmoso. mas eu gosto mais de colorido, sacas =)

Michelle, disse...

postei trocentas vezes, que gáfen.

Ygor P. disse...

tenho cismas demais com manoelito de barros.

alice disse...

seria tão menos dolorido o colorido

Madalena disse...

Isso de preto no branco não passa de uma tentativa desesperada de definição.
Isso de definir não passa de uma tentativa ainda mais desesperada de escolher entre o tudo-branco e o nada-preto.
Não sei se é regra, mas, com definições e escolhas, certas coisas ganham logo suas cores próprias.
Penso que seja bem melhor assim.
_______

Sobre a languidez para alguns acordes, não é tão ruim, não é mesmo?

Jaya Magalhães disse...

"Escarra nessa boca que te beija", ele diz. E eu vi, aqui.

Eu ri, com os pedidos de citação. E rio, lagoa. Que vira mar, nas tuas letras azuis. Li, inteira.

[Guardo saudades, Lua].

Te beijo, um tanto.

P.S.: Te contei que você chegou envelopada aqui, há algumas semanas?

Gabriel disse...

Como resistir ao inevitável? Às vezes não dá, a vontade de pular de cabeça é muito grande.

E quando o objeto de desejo não colabora, e caminha em nossa direção...

(mas dói quando o querer e o fazer não funcionam de forma harmoniosa...)

H. 0.9. disse...

Calma, que a necessidade de ser outro por não conseguir "se ser" não é eterna.

Ma não venha me alimentar Augusto dos Anjos... se há tanto Rosa & Ramos para se alimentar...

Beijo.

Anônimo disse...

...Estava mesmo decidida. Comprou um belo peep-toe, o escolheu com solas vermelhas - "assim pra onde quer que eu vá, pisarei em um tapete vermelho"...

Não sei... quando acabei de escrever lembrei-me de ti, da tua escrita.