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23.6.12

Diário.


Acordo quando me chega o bom humor, a disposição, o sol na cara. Se tenho ganas, desperto; se tenho preguiça, espero. Na hora de sair pro dia, não tem carros a importunar as pedaladas, e pedalo. Com calma, os pés dão espaço pro céu azul, pra brisa, para o farfalhar calmo das árvores.
No cigarro e o sofá da preguiça, namoro gato e gata. Quietos, investigam meus cheiros, esperam a respiração calma e se aninham. Aninhados os três, amamos. 
Cabelos num lenço, o som na casa, os cheiros imperam na cozinha. Sorrio, danço, alquimizo: inventos os gostos para os risos, os gostos para os beijos, o gosto pra solidão. Cozinho, confeito, canto. O sonho de viver das panelas. A diversão de ser mambembe. O cotidiano de ser bruxa. Não ter a quem prestar satisfação.
O sol baixa, as luzes acendem, os passos zigue-zagueiam. Me pinto de amor, mascaro um sorriso sincero, a rua me chama e me espera. Se o cansaço pousa na cidade, a boemia possui os espíritos, a cerveja deita no copo é quando eu devo ir. Cair de bar em bar, de braço em braço. Espalhar riso e coração pulsante nos dias, esperar calma a hora de intensificar.
E desperto, bruta. Sedenta de amores e cores, sedenta de paixão e furia, sedenta. Me agarro nos abraços e beijos, bebo dos âmagos e devoro. Se acaba a diversão, cama. Se acaba em tesão, cama. Se nos acabamos, cama. O tempo passa, eu passo no tempo. Com exageros, extravagâncias, necessidades.
O sono baixa devagar, os olhos piscam e se detém, no real e no realizar. Lento, o sonho calmo beija minhas pestanas, para o dia começar.

5.6.12

Insomnia #1

A coletividade faz os sentires serem esparsos, horizontais, confusos. Grandes encontros são brincadeiras na superfície de um mar muito salgado, num dia úmido e quente. 
O problema é que eu não sei brincar de leve, e grandes mergulhos em mares nunca antes navegados me atraem mais que tudo na vida. E submersa, perco os nortes, e o indivíduo é sempre uma noite nublada no mar aberto.
Quem sabe na coletividade eu desconstrua as relações bilaterais. Quem sabe esse enorme oceano me afogue. Eu não sei, só quero ir cada vez mais fundo. Que saibam me dar nortes, os mares, porque eu já abdiquei deles.