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4.9.13

Derramamentos #2

Você é água. Sinuosa, corrente, transbordante, um rio que toma a terra seca e sedenta, molhando os lábios, a língua, as ideias mais remotas. Onde quer que toquem suas águas, frescas, brotam flores.

Te olho de relance, tem cores de marés, de vagas, de ressacas. A tua grande água atrai as pequenas águas que me bolem dentro, orbito aquática nos teus encantamentos. Te vejo quando não me olha, seu corpo ondula, excita, se entrega, flutua. Não sei a profundidade dos seus olhos, e me deixo ser tragada lentamente para esse infinito que se desdobra em rio, em riso. 
Não há tempo no espaço-liquido. Sempre te soube de cór, inteira e nublado mistério, sem saber do tempo casto que virá. Sou só sede e cedo a tuas aquidades.

9.7.12

Sobre olhar o mar.

O mar me olha, me molha. Meus olhos são pequenos pra sua imensidão. Furtivo amante, penetra em todas as minhas frestras, me ressignifica. Eu sou exata e simples, só nele há mistérios. E, imersa, sou toda mistério, penumbra e murmúrio. 
Não existem palavras para o mar. Quebram as ondas, eu me parto, remonto, eu fico. Como um amor partido, como todos os sonos com olhos abertos. Entra o céu de chumbo da cidade.

17.6.12

Murmúrio, 02.

Teu cabelo tem cheiro de estar sentado na areia, olhando o mar num dia nublado. O céu é tempestuoso, as nuvens dobradas sobre elas mesmas. O mar cor de chumbo - e olhar tem o teu cheiro.