30.7.09

[entreatos]

o fato é que nem sofrer sofria.
- ter vinte anos é doce., ela disse, quanto cortava o cabelo com uma faca de cozinha - deus abençoe o dia em que você jogou meu canivete fora., e nem tinha rancor na voz. era mais um obrigada, mesmo.
e naquela maré de sentimentos de verdades, ela pensou: -ter vinte anos é mesmo foda., e eu não sei se isso era bom ou ruim, mas pela cara dela ela ruim (ou talvez a cera quente é que fosse daquelas torturas que ela tinha achado pra dar lugar às velhas). e bem, já fazia um tempo que não mentia, e se assustou. leu na parede: confesso, mitômana. e pensou: -será que digo isso mais pra assustar?
pegou o telefone, e não lembrava do número. meio escondida, arrancou a página da agenda de telefone, e a comeu. sim, comeu. - bem, eu ligo pro outro, então., mais um número que ela não sabia, mas esse tudo bem olhar. ela tinha medo de ouvir um não, ou, pior!, um te gosto. e bem, nessa idade você quer é sexo, mesmo.
lavou os cabelos recém-cortados, enquanto matava tempo: - hoje eu vou morrer de tesão, mas na praia.
quando deu por si, era mais taça rolando pra lá e pra cá, nem reparou no fim do som - mas o bom mesmo, é acordar, assim, com sexo sufocando a cama. bem, era quase um acordo, tácito, lânguido, cheio de afãs.

(...)

2 comentários:

Michelle, disse...

se luarenta advinhar de quem é esse blog, michetinha dá uma torta d'estrelas! [/muhahaha disfarcei bem]

Jaya Magalhães disse...

Foi tudo tão vermelho.
Tão, hemorrágico.
Tão.

E uma coisa estranha, misturada.