19.5.12

Antitempo, desespaço.

Nas noites todo o frio se desvira em aconchego azul, e as nuvens transbordam minhas imaginárias estrelas. O escuro desvenda todas as sutilezas enroladas num imenso novelo de porvires, que tecemos num acordo tácito. 
Com dedos cautelosos recolho para minha língua suas palavras de brisa e cor. Mastigo ávida, e te ofereço frutos suculentos de imensos pomares. E eles te fazem prazer, o suco escorre pelo queixo e você cheira como um outono. As minhas mãos suadas sabem guardar as sementes, como se esperassem terras propícias para dá-las ao chão, deixar partir um sonho para uma hipótese de flor.

(E na trama que seguem meus delírios e deleites, nuvens se desviram em dedos, azuis se desviram em fumaças e os noturnos se trançam pelo chão, num poema de muitos caminhos, atalhos e desvios; perdidos, encontrados, açucarados. As noites são infindáveis e o sol das manhãs nos acorda muito lentamente - e no paraíso há grama.)

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