4.9.13

Derramamentos #2

Você é água. Sinuosa, corrente, transbordante, um rio que toma a terra seca e sedenta, molhando os lábios, a língua, as ideias mais remotas. Onde quer que toquem suas águas, frescas, brotam flores.

Te olho de relance, tem cores de marés, de vagas, de ressacas. A tua grande água atrai as pequenas águas que me bolem dentro, orbito aquática nos teus encantamentos. Te vejo quando não me olha, seu corpo ondula, excita, se entrega, flutua. Não sei a profundidade dos seus olhos, e me deixo ser tragada lentamente para esse infinito que se desdobra em rio, em riso. 
Não há tempo no espaço-liquido. Sempre te soube de cór, inteira e nublado mistério, sem saber do tempo casto que virá. Sou só sede e cedo a tuas aquidades.

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