11.2.10

Amarillo un caramello, caramello de limón.

O Narrativo havia caminhado o dia inteiro. Percorrido distâncias em busca do outro, da narrativa do outro. Tinha esse prazer singelo e austero - que poucos têm - com a troca. Não era uma relação de consumo do discurso do outro, mas de coexistência com ele, de viajar com ele, de alcançar com ele.
Formava-se dentro do Narrativo um universo de bonitezas que se bagunçava sem parar - com estranhamentos repentinos, sustos pulando do peito e ternuras brotando dos lugares mais inimagináveis.
E tanto procurou que um dia topou com a Lua-menina, que rabiscava castelos e possibilidades onde havia nada, ou coisa nenhuma. As estrelas, sem lhe ceder brilhos, nem aluguéis, eram pontos tantos de destino sem fios, e solidão.
Lua não sabia caminhar para esperar o outro, era estanque e de olhos a desvelar passados, desfingir futuros - mas só os que não viriam.
Do encontro, não se sabe a invenção ou a lembrança. Nos olhos de Narrativo havia parecença, aquela cumplicidade simples que se tem, molhada de solidões esparsas.
Eram dois estranhos, que agora alinhavam os ombros, e se tinham de olhos.



com o fêli.

2 comentários:

Andrey Brugger disse...

Caramba, perfeito esse final!!

Posso citá-lo no meu blog mais tarde?
Abraços!

Jaya Magalhães disse...

Um arraso, bee. Os dois.

Eu amay a poesia.

Beso.