9.9.11

Um conto de amor

Era uma vez nós dois, tu e eu, encontrados na vida. Dessa vez, tu apaixonado em mim, como eu apaixonada em tu, e uma tarde muito ensolarada, seus dedos brincando com uma pétala vermelha, da rosa que te dei. E depois um beijo, gelado de sorvete, cheio de risos, sorrisos e o arrepio da pele, que já esperava, ansiosa. E depois veio a espera: o não saber. E, ansiosa de tudo, desejando tudo, eu corro, e brinco e faço caos no seumundo. E vou entrando na sua vida, porque você já está espalhado em toda a minha.

E o tempo traz aos poucos poeira, cansaço. Andamos pra outros lados, para tantos lados até não haver na vida mais encontro. Dois estranhos que teimam em dividir a cama, até preferir não sonhar a juntar as solidões. Desencontro.

Tempotempotempotempo.

Até o dia do dos olhos, em que suas tatuagens parecem mais bonitas que na juventude. Eu já não tenho mais amores tatuados. No chá no centro da cidade, com vista para o mar de carros, a cumplicidade está ali. Como se andar por mil caminhos tivesse nos levado para a mesma Roma. E não cabemos na nossa ansiedade, e um beijo quente, de bergamota. Cheio de medos, dúvidas, e uma entrega absoluta. E não teve o que esperar, porque os dias já eram de verão, o Amor já era uma árvore, e deu flor.

E era o nosso pequeno reino do Amor, uma casa cheia de cor e de gente colorida. Eu, tu e nossas namoradas. Eu, tu e um mininós. Eu no templo, com o bebê, esperando o dia de voltar pra casa. A criança indo pra escola, tatuando os amigos com canetinha. Eu plantando flores no jardim. Você viajando o mundo. Eu sigo apaixonada, você descobre outros mundos. Você ensina o nosso filho a voar também. Eu espero, cultivando aromas para a casa tão imensamente vazia.

Vou amando meus alunos, meus livros, meu piano, enquanto te espero. E quando você chega, eu te beijo as mãos e os olhos. Já é muito tarde, a noite chega devagar. Adormecemos sentados num sofá, olhando o céu imenso.

Anoitece na minha vida, uma vida cheia de amor.

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