4.1.12

Despedida do avesso do avesso do avesso do avesso.


Os poetas, as meninas, as cores-sons, o mundo todo misturado pelas ruas. Foi uma vida inteira, e nem é exagero. Agora eu não preciso mais mentir, eu amo Sampa sim. Mas não amo de amor escolhido, ganhado, não. Amo de amor acostumado, de amor cotidiano, de pratododia.
Mas muita fumaça escondeu as estrelas, e eu preciso vê-las. É preciso brilhar com elas. Preciso sentir o cheiro de Porto Alegre todas as manhãs, e chorar as amarguras da alma numa esquina qualquer. E amar as árvores floridas, andar olhando pra cima e me perder. Eu preciso saber se vai chover, só de olhar pro céu azul, mas sentir o vento úmido. Preciso saber das ruas perigosas, pra andar por elas sem bolsa, sem carteira e sem óculos, só para sentir isso, de andar numa rua perigosa. Eu quero mais que tudo ser chamada de guria por estranhos, e tomar chimarrão sem ninguém me olhar esquisito. O amor precisa se espalhar, do tamanho de um Guaíba inteiro.
Eu quero me jogar no abismo. Eu quero padecer de amor.

E, ainda assim, me rasga o peito saber que não vou encontrar os amigos pra descer a Augusta. Que não vamos nos consolar numa esquina da Consolação, quando tudo se partir entre nós. Vai doer a saudade do amor nas gramas da USP, vai ecoar o vazio de meninas e meninos tão cheios de açúcar nos meus sábados.
É de lágrima, mas eu sei que devo andar, pro meu coração ser mais feliz. Ir deixando a pele em cada palco, e não olhar pra trás.

E que saiba que eu vou, porque tenho asas. Mas não por falta de amor, porque amo cada um dos meus.

4 comentários:

marcia cardeal disse...

ôdiachodetextobunito!!! e eu sei tão bem o que isso representa, 'guriazinha'!!!

Anônimo disse...

As meninas que não são poetas mas bebem na Agusta sentirão muitas saudades.

uma das meninas ^^ disse...

amocê!
E vou sentir saudades!
Mas espero que suas asas te levem para lugares coloridos...

<3

Lorena disse...

que bonito...