14.5.12

O velho e o moço.

Era domingo e lá fui eu. Tão em cima da hora decidi ir que nem tinha expectativas. A única coisa que eu queria era conseguir ingresso. E ouvir Pierrot. Eu fui pronta pra chorar, porque os melhores romances da minha vida começaram - e terminaram - com Hermanos (eu sou clichê e não nego).
Sem que eu pudesse conter, me senti de mãos dadas com todos esses amores. O menino que sempre vai ser um horizonte distante, e tantos anos depois ainda me faz suspirar. A baiana que se desvirou num baú de sonhos bons, para sempre guardado, tatuagem enorme em mim. A cidra e Cher Antoine, que desviraram num beijossorriso da mulher mais confusa da minha vida. A história de Conversa de botas batidas, e o menino mais amado, enrolado nos lençóis de um amor nascendo. Tantas noites gritando pro travesseiro que tudo bem se eu sofro um tanto mais. 
Mesmo com todos eles pulsando, mesmo com meu coração boiando na saudade, nada disso me tocou. Na cidade nova, os amores que se foram são só lembrança, ainda que seja amargo ainda tanto querer. Ainda desejo o conforto de amores previsíveis. Tão melhor saber o rumo que tudo vai tomar, mesmo que num novo começo. Tão fácil começar já sabendo o fim.

Mas eu não esperava me ver de frente. É sempre tão difícil aceitar que eu escolhi ser o que sou, que foram os passos pelos caminhos que me fizeram eu-aqui-agora. Foi fugida dos amores que eu vim, fugida da rotina, da previsibilidade, do que eu já sabia. Eu vim porque eu não sei medir tempo nem medo. Porque eu preciso de todo cuidado, mas nem sempre eu lembro disso. E da idade em mim, tento não esquecer nem pesar demais, e estragar só o quanto posso. Sem saber do que virá, sem desistir dos erros futuros, o acaso segue amigo do meu coração. Como sempre.

4 comentários:

Caranguejo Excêntrico disse...

"Sem saber do que virá, sem desistir dos erros futuros, o acaso segue amigo do meu coração."

Vou pegar estas palavras emprestadas para definir um tempo-momento que também é o meu.

Saudade doce do'cê, doce.

Jaya Magalhães disse...

"Foi fugida dos amores que eu vim, fugida da rotina, da previsibilidade, do que eu já sabia. Eu vim porque eu não sei medir tempo nem medo. Porque eu preciso de todo cuidado, mas nem sempre eu lembro disso. E da idade em mim, tento não esquecer nem pesar demais, e estragar só o quanto posso. Sem saber do que virá, sem desistir dos erros futuros, o acaso segue amigo do meu coração. Como sempre."

Foi assim que eu vim. Mas já quero ir, de novo.

ya disse...

<3

Jaya Magalhães disse...

Os sonhos bons estão guardados. A tatuagem de você é aquarela tão grande quanto, em mim.

[Resolvi voltar, só pra dizer].