9.4.12

Descaminhos.

E antes de olhar meus pés sujos ou seus cabelos grudados de suor, eu quis estreitar seus cheiros todos num abraço, sentir teus braços. Como se o tempo tivesse feito uma ponte no passado, todos meus desejos se juntaram, os medos se fizeram chuva. Molharam, se fundiram, desviraram medos, e deram espaço pra um amor muito solar.
O caminho foi longo, lento. Sei de todos os dias de saudade. Sei da gasolina. Sei dos sorvetes na lanchonete. E, ainda assim, me derramo de amor, em cada um dos minutos. Eu penso meus sentires como uma flor muito persistente, furando asfaltos, concretos. Brilhando muito senvergonhamente na cidade mais linda, pro meu amor mais lindo.
Meu velho amor novo. Meu amigo tatuado. Meu corazón.

30.3.12

Amora.

Amor é quando você não se importa de mudar de lado de cama, todas as noites, porque ela não decidiu aonde vai dormir.

Ela é pretinha, doce, pequena e foi o outono que trouxe. Bem-vinda, Amora.


27.3.12

Um amor, assim, delicado.

Eu nem te conheço, e já te amo tanto. Assim, sem querer, fiquei sabendo que você era pretinho e estava precisando de casa. Com o coração aos pulos, quis te dar amor, muito. E comida, porque é preciso viver também. E um canto quente, porque o frio está chegando, e nessa cidade ele castiga.
Sei desse um amor cheio de expectativa de antemão. O amor é grande, mas o apartamento é pequeno. Se você gosta da rua, eu não quero tirar o chão dos teus pés. O Eros já é dono de nós duas, e pode não querer dividir um tudo contigo, e não é direito fazer dois tristes pra eu ser feliz.
Mas sabe o que é? Desde pequena, cabe muito bicho no meu coração - mesmo com pulga e fazendo cocô fedido e mastigando meus livros e morrendo cedo, pra me fazer chorar. Mas a minha Mãe Preta tinha uma dor canina antiga, e, até os 22 anos não me coube ter um bichinho pra dividir a minha vidinha. Só os peixes dourados, o Pixe e o Pixe (Segundus), mas amor de peixe é meio esbugalhado e com água no meio, sem caber na mão, sem caber carinho. Na minha Casa, sempre teve bicho, mas na gaiola, no cercado, bicho prisioneiro, e isso dói muito no meu coração de liberdades. Uma vez, eu morei numa casa com 6 gatinhos, que eu amei muito, mas os caminhos me levaram para longe deles, e hoje eu mal lembro dos seus nomes. Também tive um amor menino, e planejamos filhos, um gatinho Brócoli e uma cadelinha Groselha. Mas amor de humanos nem sempre é pra sempre.
E aí, Sr. Gato Preto, eu transferi todo esse amor guardado pra tu. Não é que eu não ame o Eros - eu até sonho com ele nas minhas viagens. É que eu nunca juntei esse amor longo com um bichinho que estivesse assim, sozinho. Eu nunca pude abrir a porta da minha casa e dizer: ela é minha, mas quero que ela seja sua, porque meu coração já é. Então, eu estou arrebatada. Estou ansiosa esperando o negror dos seus pelos misturados com os pelos branco-dourados do dono desse apê.
Sei que pode não acontecer. Sei de um monte de senãos. Mas já estou te amando, nessa casa ou em outras, porque não há de lhe faltar amor.

Nem sente que me enfeitiçou.

17.3.12

Sair com ex.

Todo mundo já saiu com ex. E mais de uma vez. Tem aquela saída de amigos, que é boa. Mas antes dela, tem a saída da recaída, que é uma merda. Mas a primeira é a saída do mal-estar. Ainda não caiu a ficha do fim. Rola um jogo de sedução, tudo parece muito lindo (até que depois do segundo whisky você só consegue ver os defeitos nojentos que levaram ao fim). Mas, assim que você chega em casa, e sente o seu cheiro sem aquele cheiro estrangeiro - que parecia ser seu, bate um puta rebordosa, você se culpa, quer voltar, quer cometer homicídio seguido de suicídio, quer 7 garrafas de 51 e matar a garrafadas a Zooey Deschanel por fazer aquela maldita Summer (mesmo sabendo que a Summer tá certa e você tá errada).

Sabe isso? Pois é, voltei muito cedo a Sampa, eu quero voltar, eu quero partir, e, principalmente, EU SÓ QUERO QUE AS FUCKING COISAS DEEM CERTO. Morou, vida?

24.2.12

Lindoísmo (ou Os olhos da feia).

E antes que eu consiga pensar nos filtros sociais e introjetados, eu digo: todo mundo é lindo.
Se de cara a beleza escapa, olhe de novo. Veja, reveja, absorva os trejeitos, os mistérios, as pequenas rugas. O modo como os dedos se movem, a inclinação do rosto pra a risada, como relaxa os pés. O formato dos olhos, o tom de pele, a curva dos lábios. A deselegância discreta dos esmaltes roídos, a barba rala que insiste em não crescer. Cicatrizes nos joelhos, as marcas do tempo, os cabelos meio crescidos.
A gente acaba se acostumando com um bonito de revista, de papel. Ou um bonito real, mas um bonito só. Tudo tem beleza. Todo mundo é lindo, basta saber olhar. E treinar o olho pra belezas, deixa mais tempo para as outras experimentações...

Experimente outras belezas.

16.2.12

Tempos.

Arranquei meu coração do meio do meio do meu peito, porque ele já não mais cabia mais em mim. Lancei ao mar, para que Iemanjá cuidasse dele por mim. O mar o carregou para muitos e muitos anos atrás, as raízes se fizeram.
Assim, eu vivo uma vida num tempo que não é meu. E certas noites me lembram isso.

10.2.12

porto alegre.

na cidade da minha paixão. dentro de mim, pulsa tanto amor quanto sei pensar, quanto posso desenhar. amo, quando sinto, quando penso, quando sonho, quando digo. dane-se o mundo lá fora, quero amor-amor-amor.
eu amo indistintamente. e amo mais tu, que existe.


- e porto alegre, é só paixão.