25.10.08

lona rasgada, no alto.

Com grande pesar vim informar a morte do Palhaço. O bom-Palhaço padeceu, foi noite passada ou há mil dias? já não me lembro, eu já nem sei.
Padeceu, o Palhaço, porque era Cidade demais e riso de menos, desdor, despranto, desacalanto. Ninguém matava, ninguém morria! era só uma apatia. Um andar espectral de silêncio-solidão. Sem gargalhar de criança, sem cheiro de pipoca, sem lona furando o céu-de-estrêlas.
Vieram então, mais de mil palhaços, todos pro salão. De luto fechado, em seus panos rasgados (as Columbinas era rosa-e-carmin, era de mil-côres Harlequim). Vi um Pierrot chorar em soluços. Era o fim do carnaval. E a marchinha inundava o ar.
Eu pintei meu nariz, eu quis chorar. Se não tem palhaço tem o que, nessa vida.? Mas bem no meio da folia, pulou o Palhaço do caixão! eu juro porque vi. Era confete e serpentina. O seu sorriso pintado, o olhar caído. Piscou-me os olhos.

(vi por detrás uma menina, tinha olhos de contas e cabelo de mar. Puxou a manga do Palhaço e inundou de melancolia-poesia o não-ser.)

5 comentários:

Jaya Magalhães disse...

Lua-linda,

Veio música, aqui. Veio:

"Todo carnaval tem seu fim
E é o fim
E é o fim..."

Veio:

"O Pierrot apaixonado
Chora pelo amor
da Cooooooolombina..."

E veio, por fim:

"Deixa eu brincar de ser feliz
Deixa eu pintar o meu nariz..."

E depois veio o tom triste dos barbudos cariocas, e o céu ficou cinza. Cinza igual o céu de estanho, de Zeca.

Só que aí você me sai com essa:

"Mas bem no meio da folia, pulou o Palhaço do caixão! eu juro porque vi. Era confete e serpentina. O seu sorriso pintado, o olhar caído. Piscou-me os olhos.

(vi por detrás uma menina, tinha olhos de contas e cabelo de mar. Puxou a manga do Palhaço e inundou de melancolia-poesia o não-ser."

Aí o que, moça? Aí eu miacaaaaaaaabo! Fico pensando nesse lugar repleto de venturas do qual você tira tua poesia. Lindo-lindo-lindo. Lindo de dançar tango no teto! Lindo de vontade de correr pra tua rua de fulôres amarelas, e te dar um abraço. Porque dessa menina, lua-luara, eu quero saber poetizar. (:

Esse, foi dos mais lindos que já li aqui. E não tem preço. Cabe um muitomuitíssimoobrigada.

E sabe do que mais?

~ Você é PRATODODIA!

Meus beijos todos procê.

Filipe Garcia disse...

Lua,

boa demais a sensação que sua poesia causa. É bonita sem igual, verdade. Mas não é pela boniteza. É pela simplicidade. Você desce as estrelas do céu pros seus versos, incrível isso. É que eu gosto dessa sua leveza, desse seu jeito de poetar-brincando.

E agora as serpentinas caem aqui na minha cebeça! eu juro porque estou vendo.

Beijo aí!

Isadora Alves disse...

essa vida de palhaço, mais solidão que solitude.beijos e pinta o nariz, cor de carmin, ué.

flor disse...

"Deixa eu brincar de ser feliz. Deixa eu pintar o meu nariz."

Pessoa que gosto e que escreve lindamente, a morte do palhaço está com lindas palavras.
[que coisa estranha] rs
Beijoos

Heyk disse...

esse já li esperando achar coisa.
E é bom, um monte de como no outro frases bem resolvidas. ótimo.
tá lá anotado pra eu ver.

achei o fim esquisito. não sei se é assassinato ou só ceninha.

mas só de ter dado a dúvida já achei graça.

Valeu.