29.6.10

Os olhos.

Tremiam, os olhos, muito lívidos. Sem os óculos, todas as cores arrombavam a retina e galopavam cabeça adentro.
Só os olhos não me traíam: as pernas tremiam, os braços pesavam, a garganta gemia sem que eu quisesse, os ouvidos queriam seguir as vozes - e o ar era muito quente, e muito frio. A razão deixara de ser há muito, e o sangue fervia em ondas, encapelava.
E do meio do turbilhão, alguém me deu a mão. E me disse, quando o mundo inteiro era silêncio e náusea:
- Tudo bem você chorar, porque seus olhos ficam verdes.

E com seu aval doce, pela sua mão de longe, as águas fluíram, muito e sem pressa, pra que o mundo voltasse a ter ordem, no caos.

Para a Lu, que me ama mesmo quando eu sou meu pior.

3 comentários:

a Lu! disse...

Dantonismo salva-vidas
: )

Dois cigarros e um café. disse...

Meus olhos tb ficam verdes quando choro!!!!
E quando não choro tb ¬¬


Adoro seus textos, quero entender porque venho aqui tão pouco....

Beijundas :)

Gigi. disse...

Depois que me obriguei a ler Saramago, minhas narrativas nunca foram as mesmas e o costume de jornais só piora a cada dia.
Te invejo. De uma forma sadia!