23.12.10

Carrega a saudade pra lá - mas deixe minha viola

Rasguei as suas cartas, queimei as suas roupas, esfreguei as manchas dos orgasmos dos lençóis. Rasguei também esses lençóis antes de queimá-los. Difamei seus versos mais bonitos, Carulina, passei tinta nas paredes que anunciavam a o nosso amor, porque dele não sobraram nem as mentiras. Vou destruindo nossa cidade aos poucos, porque todas as mulheres riem seu riso e evocam seu cheiro, de jeito mais ordinário.
Penso nos seus quadris vadios que embriagavam no seu ir-e-vir. Desejo mais uma noite para me incendiar, terçã - mas sempre a noite última é a primeira. É sempre um capítulo novo do romance sem pé nem cabeça. Não sobrou o carinho, não sobrou ternura, Carolmulherminha. Mas ainda desejos seus ais arrepiados.
Seus olhos tristes guardavam nosso amor, Carulina. As rosas mortas por cima do tapete, as guimbas que refumo sem ânimo para novos cigarros. O barco que partiu do cais naquela noite de lua levava um casal a se devorar. Você navegava, eu, ancorado, sofria a sua falta.
Eu te apago, Carulina. E você cada vez mais incidente, tatuagem.


Cala boca, amor.



A Carolina é do Chico, mas as frases desconexas são pro Ariel.

2 comentários:

Camila Fontenele disse...

Carulina. (rs)

Menina, isso aqui é lindo demais, desculpe pelo comentário clichê, mas senti a doce poesia no teu blog.

Um beijo

Unknown disse...

Amei.