14.4.11

Estradas.

Pé ante pé. A sua vontade de entrar pela porta era calma, diferente de tudo feito antes. Com a calma mais intensa que nunca tivera, andou para frente, como se um monstro a impedisse de dar meia volta. Aquele corredor comprido a não ter fim, a luz que escapava pelas frestas da porta, desenhavam as arestas do corredor. Tudo muito reto, esquemático, fotográfico.

Os dedos tateavam as paredes, como se descobrissem os caminhos. As sombras se projetavam contra a luz, cobrindo os caminhos. Pisava com cuidado, mesmo com os pés cobertos por meias grossas, que abafavam o som no tapete. O cheiro que escapava pela porta era de revirar os olhos, de onde saía esse cheiro? Não havia música, mas as vozes eram melodiosas, e mal podia esperar para ver as feições de quem tinha uma voz assim.

Pé ante pé. A dois passos desistiu. Quis correr de volta para onde tinha vindo. O desespero lhe embaraçou as pernas, caiu de costas contra a porta, que se abriu - e então ela pôde ver.

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