10.8.11

Impressões II (ou Das Coisas Que Me Marcaram Em Três Cidades, Quatro Casas E Infinitos Bares)

Me culpei por não ter escrito durante a viagem. Mas não deu tempo. Não que eu não tivesse imensas horas ociosas, mas coisas estavam acontecendo, e eu não sabia escrever. E quando cheguei em casa, quando fui abrir a porta, não pude deixar de sorrir. E fiquei lembrando das casas por onde estive.
A casa-de-bonecas da Tane, cor-de-rosa e sem portão, numa cidade-botão, toda linda. Era tão bom chegar ali, e ver o gato preto na janela, ver as paredes coloridas. E a casa do Emilio, ficar trancada para fora, entrar e estar constantemente maluca. Bela casa. Da janela do quarto, casinhas num morro; da janela da sala, flores cor-de-rosa. Depois a casa do Ariel, que de novo parecia um filme. O portão que abria com o cadeado trancado, as paredes cheias de coisas, as taças cheias de vinho, os quintais com muita planta. E depois a casa da Lu. Que eu não baguncei a cozinha, não fiz nada escondido, não dormi no meu sofá. Porque já somos crescidinhas.
Brusque parece um cenário de contos para crianças (e quando eu era pequena, eu de fato amava um livro cuja história se passa lá), as casas são bonitas, tudo leva pro centro. Floripa é um sonho geografado. É uma ilha, nada pode ser mais lindo do que ser cercado por mar. Venta muito, venta sempre em Floripa. Os lugares altos são como postais, as ruas do centro tem gosto de histórias e a figueira parece um abraço. Florianópolis me faz sentir abraçada.
Eu nunca estive em tantas rodoviárias em tão pouco tempo. Eu nunca bebi tanto, tão continuamente (e nenhuma ressaca, it's what I say). Eu nunca fui conhecida por tantos garçons em períodos tão curtos. Eu achei muitos restaurantes vegetarianos. Eu tomei cachaça a um real. Eu comi cuca nas três cidades - e não enjoei. Eu mandei postais. Eu mudei de telefones. Eu fui em baladas ruins. Em festas estranhas com gente esquisita. Dançamos na cidade em que ninguém dança. Fui ao museu sozinha e descobri que Barroco orna com Art Nouveau. Eu tomei ácido e tomei chuva. Passei a tarde sozinha numa praia, de tênis sem meia e cachecol. Descobri que ser turista sozinha é mais difícil, mas é mais gostoso. Eu amei. Eu esqueci.

E agora
de novo
eu estou em casa
e feliz
como se tudo
sempre
fosse sempre
assim.

Um comentário:

Lorena disse...

é tao bom turistar só...=]