26.5.13

Derramamentos #1

Da flor, o mistério. Não sei se sabes, mas eu não sei. E o não-saber-não-ser-sem-desser, mais saboroso que qualquer olhar, vai adoçando meus dias, e pinga-pinga-pinga assim, delicada. Te brota em mim, hortelã, folha atrás de folha - dobrada, verdejante, um coração; cheiro atrás de cheiro - meninamulher. E enche meus dias de borboleta e abelha e mel. 
Me desviro num jardim, metade sabor, metade cor, só para te encantar. Desviro os versos em frutas, que seus lábios gostam, sorriem. Me encanta seu sorriso, assim, enviesado. Ou daquele jeito outro, escancarado. E os lábios num biquinho, passarinha, para me desvirar em nuvem, flutuo, a brisa me desfaz. Chovo em mim e não te alcanço.  
Fico, sem querer, na ponta dos pés. Pisco as pestanas, cheias de orvalho, para te ver, bailarina, pisando levinha aqui-e-ali. Me estico até lá longe e não te toco, não sei seus macios nem seus quentes. Do que me resta, contemplo seu existir tão tocante, com dedos tremelicando, coração na gangorra. E, mesmo antimusical, solfejo meus ais em mi menor, e lá.

De todos os mistérios do planeta, tinhas justo que ser a flor.

2 comentários:

Neide A. de Almeida disse...

Filha minha, toda poesia.
Te amo.
Bjs

Jazz disse...

tinha que ser a flor! me identifiquei demais aí..