24.2.11

PSTU, PSOL, movimentos e cia. ltda.

A maioria dos meus amigos paulistas passou por uma fase de "revolta", de querer mudar o mundo, de fazer com que as coisas fossem diferentes. De forma geral, hoje estamos (eles e eu) devidamente acomodados, desistimos de mudar as coisas, pelo menos essas, pelo menos desse jeito. E claro que isso tem a ver com a minha teoria de que São Paulo envelhece todo mundo, nos faz ser mais racionais e materialistas do que o recomendável, mas estou certa de que PSTU, PSOL, movimentos e cia. ltda. tem total influência na desistência ao posicionamento que tínhamos. Esses partidos se acham de verdade a salvação do mundo (sem sequer perceber que usam um discurso tão batido que não enganam mais ninguém que tenha algum pensamento sólido), e sufocam as liberdades de pensamento e ação, tanto quanto a direita, mas de modo mais profundo. Aos poucos, somos cauterizados, e ou agimos de acorto com as diretrizes partidárias - e entramos pro tão maravilhoso e salvador partido - ou deixamos de agir. Porque é muito difícil ter que lutar com seus aliados antes de lutar com seus inimigos.
E estão todos num cabresto, relutando em aceitar que vivem em uma realidade paralela. Qualquer forma de ação é assistencialismo, e eles não se mexem para mudanças a curto prazo, porque estão ocupados demais com a revolução comunista que acontecerá em breve. Oi, cara pálida, quem quer uma revolução comunista? Não são só os capitalistas, não. Olhe os chineses, os cubanos, os vietnamitas, os norte-coreanos. A sua revolução será diferente disso? Porque você é um ser humano melhor do que eles? A falta de parâmetros entre realidade e sonho é uma constante na lavagem cerebral desses partidários. A falta de um objetivo viável e inteligente.
Na época das eleições, conversei com um amigo (e pior é que é amigo mesmo) do PSTU que disse: "segundo turno eu voto nulo, porque não há diferenças consistentes entre o Serra e a Dilma". Não há? Higienizar a cidade, cortar privilégios da linha abaixo da pobreza, desfocar o governo do viés popular, isso não te parece ruim? Eu não sou nem nunca serei uma defensora da bolsa-família, tampouco do ProUni como uma linha de governo e não um paliativo para um momento de crise. Tem que ter salário mínimo decente, tem que ter vagas públicas pra todo mundo. Mas é muito fácil criticar tudo quando se mora no centro da cidade e se estuda na dita melhor faculdade da América Latina. Esses meninos e meninas que conseguem vaga pelo ProUni têm uma oportunidade única, que a geração dos nossos pais não teve. Hoje eu tenho uma prima negra e formada, que, certamente, não fosse o ProUni, estaria trabalhando no Shopping Penha, ou num escritório como secretária. E eu tenho orgulho pra cacete disso.
E vocês na sua bolha, não se dão conta que o mundo não gira em torno dos pobres (modelo britânico) e dos revolucionários (modelo soviético). Isso não existe.
E enquanto vocês vão tolhendo a nossa liberdade de pensamento, conseguem ser mais eficientes que a direita em sufocar espíritos revolucionários. Parabéns.

12.2.11

Sobre sentir como no ginásio.

No meio da semana eu me sentia como no colegial. Agora é sábado à noite e temos isso. Talvez essa regressão quase involuntária devesse ser tema pra minha análise, mas eu abandonei aquele chato, porque eu resolvo melhor meus problemas sem ter que falar sobre a minha relação com blá-whiskas. (Mas Lulu, é importante você ir lá e chutar - metaforicamente - uns problemas pra ficar - literalmente - sorrindo à toa e depois chutar - literalmente se você for fodona - o canastrão).
Mas é isso aí. É sábado a noite, eu estou em casa sozinha, totalmente sóbria, sem nenhum evento pelas próximas 24h e me divertindo. Como é legal é fazer isso! E eu mal me lembrava como era passar o dia dormindo e vendo filmes, andando de canga pra lá e pra cá sem ter que interagir com pessoas.
Tudo começou ontem. Quando eu estava no ônibus indo encontrar um cara X e resolvi dar uma caprichadinha no lápis de olho. E fiz que nem quando a gente tem 13 anos, compra o primeiro lápis de olho, não sabe passar e nem quer deixar torto, e vai só subindo a linha quando vê, parece que passou uma sombra preta, e caga tudo embaixo e fica com cara de porre. E que combina com olho-de-panda? Esmalte preto, e foi isso que eu comprei.
E eu podia ter ido para onde eu disse que eu iria hoje, mas nãaao. Nada como fazer um remember que ninguém vai estragar: sozinha.

(Só preciso ficar atenta. Quando bater a vontade de ouvir JovenPan, eu peço socorro).

9.2.11

Sobre sentir como no colegial.

Só quem lembra da minha euforia quando eu soube que os Strokes tocariam no TimFestival vai sacar sobre o que é esse texto.
Não que isso seja de verdade importante - muito mais quando você faz História, vai entendendo que o marco vale bem pouco, quase nada - mas Strokes dividiu águas na minha vida. Eu nunca vou esquecer daquela noite, em 2001 (!), enquanto eu esperava começar a maratona de 500 clipes da MTV contra o carnaval (isso ainda existe? a MTV não pega aqui em casa - aliás, só pega a globo, a cultura e o canal de leilão de tapetes, bois, jóias e relógios, esse é bom). Eu e minha prima, deitadas no colchão, no chão do quarto da minha mãe, vendo Lado B e comendo pipoca. As pernas debaixo da cama. Quando o Kid Vinil diz: é isso, vamos terminar com o clipe de uma banda nova. E enquanto subiam os créditos do programa, passava Last Nite. Eu lembro como se fosse ontem, a guitarra era diferente de tudo que eu já tinha ouvido. Lembrava Nirvana, mas não me dava vontade de cortar os pulsos. O Julian tinha aquela cara de bêbado que tinham os meus amigos mais velhos (grandes, incríveis e super adultos de 17, 18 anos) e o Albie tocava com o cigarro no braço da guitarra (nunca tinha visto essa grande possibilidade ser executada). Até o charme esquisito do Nikolai-cara-de-psicopata me atraiu. O aquele clipe limpo. Lâmpadas, eles, fundo vermelho. Era como se houvesse outro mundo ainda não experimentado (o que era mesmo. Afinal, eu só conhecia música brasileira, música clássica e rock 80-noventinha).
Foram quatro anos gostando de uns caras que ninguém conhecia (na ZL tem essa, não). Até que aconteceu. Eles vinham para o Brasil! A minha banda, que só eu conhecia! E eu lá. Coração na mão. Até que eu ouvi, aqueles acordes maravilhosos. Julian com roupa de paquito. Nick Valensi com cara de menino estragado - ele existia mesmo! Até a possibilidade de atacá-los (e tudo seria mais fácil porque o Fabrizio fala português) eu cogitei. Eu pensei tudo, e na hora eu não sentia nada. Nem o calor, nem as pessoas me esmagando, nem nada. Era só o som. E pra quem gostava de Mutantes, Beatles, Novos Baianos e Mortos S.A., ver uma banda amada ao vivo era o melhor que poderia acontecer. E aconteceu.
Até hoje eu me lembro do show. O mais marcante da minha vidinha (e olha que eu vi o Paul). E quando eu ouvi a música nova, eu não aguentei. Toda a euforia voltou, a vontade de cantar, dançando de olhos fechados. Podem dizer o que quiserem. Que era previsível. Que não surpreende mais. Que não tem estilo. Todas as vezes que eu ouvir Strokes, eu vou ter 16 anos de novo. Todas as vezes que lançarem música, cd, o-que-for novo, eu vou gritar sapateando. Porque alguma coisa boa tem que me manter forever young por dentro. Mesmo que sejam os 5 nova-iorquinos.

2.2.11

"O amor te faz feliz?"

Acho que amor é o que sustenta o mundo, o que permite existir. Amor é a única constante. Amor é feito água: não é pra te fazer feliz, é pra te fazer existir.




Dessa vez, alguém perguntou e foi a R. Redher.