29.8.11

C'est bon la vie.

Ir ao cinema é como deixar de leve o mundo. Saber que nunca serei das artes tão intensamente me entristece, é estar fadada à platéia para sempre. Ainda assim, poder inundar-me de arte durante o caminho, ter olhos doces para ver o mundo, ver tantos outros mundos, é ganhar sempre num lugar comum, num mundo comum.
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Se houver destino, o meu é ter uma vida intensa. Dedicada ao amor, com todos os dias, sorrisos e gestos. Só para amar.

22.8.11

O mistério do planeta.

Mais ou menos inteira, mais ou menos partida. A dor maior de jogar o corpo no mundo, não é medo da queda, mas saber-se errado, e sem asas. No mundo real, é proibido ter asas. No mundo da lua, só voando vive-se bem.
Deixar os pés no chão, ou voar sempre para o lado errado - seja que lado for.

19.8.11

É só um delírio.

Escrevo, mesmo sabendo que não deveria. Porque me sinto clichê e boba, só acho metáforas com estrelas, rosas e poemas. Porque suspiro olhando para o nada e escrevo seu nome na borda dos papéis (com corações). Porque te ver me faz ter borboletas no estômago, e então eu perco as palavras, o jeito, eu perco tudo, e só quero olhar. Porque tenho ganas de tocar seus dedos. E o seu pescoço. Beijar todas as tuas tatuagens, e fazer seus olhos revirarem. Porque eu quero sentir o cheiro da sua nuca, e a textura das suas costas. Quero te descobrir num universo cego, de sabores e saliências, perfumes e temperaturas. Quero ouvir sua voz derretendo no meu ouvido, sob beijos, dentes e lingua. Eu quero você com uma paixão de 15 anos. Com uma longa espera. Com a fúria de desejos sujos, rasgados, impublicáveis. E eu, continuo imaginando as chaves. Os caminhos. As senhas. Porque eu quero você, intensamente inteiro, em mim.


- é só mais um delírio?

10.8.11

Impressões II (ou Das Coisas Que Me Marcaram Em Três Cidades, Quatro Casas E Infinitos Bares)

Me culpei por não ter escrito durante a viagem. Mas não deu tempo. Não que eu não tivesse imensas horas ociosas, mas coisas estavam acontecendo, e eu não sabia escrever. E quando cheguei em casa, quando fui abrir a porta, não pude deixar de sorrir. E fiquei lembrando das casas por onde estive.
A casa-de-bonecas da Tane, cor-de-rosa e sem portão, numa cidade-botão, toda linda. Era tão bom chegar ali, e ver o gato preto na janela, ver as paredes coloridas. E a casa do Emilio, ficar trancada para fora, entrar e estar constantemente maluca. Bela casa. Da janela do quarto, casinhas num morro; da janela da sala, flores cor-de-rosa. Depois a casa do Ariel, que de novo parecia um filme. O portão que abria com o cadeado trancado, as paredes cheias de coisas, as taças cheias de vinho, os quintais com muita planta. E depois a casa da Lu. Que eu não baguncei a cozinha, não fiz nada escondido, não dormi no meu sofá. Porque já somos crescidinhas.
Brusque parece um cenário de contos para crianças (e quando eu era pequena, eu de fato amava um livro cuja história se passa lá), as casas são bonitas, tudo leva pro centro. Floripa é um sonho geografado. É uma ilha, nada pode ser mais lindo do que ser cercado por mar. Venta muito, venta sempre em Floripa. Os lugares altos são como postais, as ruas do centro tem gosto de histórias e a figueira parece um abraço. Florianópolis me faz sentir abraçada.
Eu nunca estive em tantas rodoviárias em tão pouco tempo. Eu nunca bebi tanto, tão continuamente (e nenhuma ressaca, it's what I say). Eu nunca fui conhecida por tantos garçons em períodos tão curtos. Eu achei muitos restaurantes vegetarianos. Eu tomei cachaça a um real. Eu comi cuca nas três cidades - e não enjoei. Eu mandei postais. Eu mudei de telefones. Eu fui em baladas ruins. Em festas estranhas com gente esquisita. Dançamos na cidade em que ninguém dança. Fui ao museu sozinha e descobri que Barroco orna com Art Nouveau. Eu tomei ácido e tomei chuva. Passei a tarde sozinha numa praia, de tênis sem meia e cachecol. Descobri que ser turista sozinha é mais difícil, mas é mais gostoso. Eu amei. Eu esqueci.

E agora
de novo
eu estou em casa
e feliz
como se tudo
sempre
fosse sempre
assim.

Impressões I (ou O Que Eu Passei A Pensar Sobre Porto Alegre Após A Terceira Visita E As Não Satisfatórias Apreensões Sensíveis Dos Reais Desejos)

Foi uma viagem curta. Mas foi bem longa, no que precisou ser longa. Eu poderia ter feito mais, eu poderia ter gasto menos, todos aqueles balanços de viagem. Foi uma viagem de poucas anotações, muitas leituras, muitos filmes, muitas paixões.
Isso começou a ser escrito no aeroporto, enquanto eu via a turbina do avião funcionando lentamente, enquanto embarcávamos. Lembrei da primeira vez que voltei de PoA. Chegar no aeroporto com o coração em pedaços, voar 45 minutos chorando e soluçando. Não tem dois anos isso tudo; e só o que eu consigo pensar era que eu era uma menina, uma menininha apaixonada. É engraçado pensar que eu já quis fugir pra Porto Alegre no meio da noite, para ser feliz. Como se a felicidade morasse lá.
E de certa forma, escrevendo isso, eu realmente preferia que fosse assim. É desconcertante perder um grande amor. Mesmo eu sendo assim, marinheira, eu gosto de ter um amor, um amorporto. Que agora se desfez em confete e purpurina. E não dói. Só vai ficando com mais gosto de lembrança que de futuro. (E isso não é bom nem ruim, tão somente é assim).
A minha cidade namorada não quer dizer mais muita coisa. Não tenho vontade de me jogar nos seus braços, não tenho vontade de gastar meus dias a olhá-la. É doce, é lindo, mas. É bom estar de volta pra amadaamante Sampa. Cheiro barato, propostas indecentes e uma noite pulsante - amém.

Pronta para o amor. Porque ele existe até em SP.